O Sussurro da Caverna
A tempestade chegou como nunca antes vista na pequena cidade costeira de Innsmouth. Ondas gigantescas castigavam os barcos atracados, e os ventos uivavam como bestas famintas.
Quando a fúria dos céus finalmente se acalmou, o mar recuou, revelando algo que ninguém jamais tinha visto antes: uma caverna submersa, escura e misteriosa, que parecia ter sido oculta por eras.
Os pescadores, sempre curiosos sobre o que o mar lhes oferecia, decidiram explorar. Armados com lanternas e um sentimento de excitação misturado com desconforto, desceram na caverna.
As paredes estavam cobertas de símbolos esculpidos à mão, cada um mais estranho que o outro. Os mais velhos entre eles juravam que nunca tinham visto nada parecido.
Mais à frente, encontraram esculturas grotescas de seres deformados, com formas que não pertenciam ao mundo natural. Alguns tinham tentáculos, outros múltiplos olhos que pareciam segui-los.
Mas algo mais profundo na caverna os chamava. E foi então que um dos pescadores, Jonas, ouviu um sussurro. Suave no início, mas logo inconfundível. A voz falava seu nome.
Sem avisar os outros, Jonas seguiu o som, guiado por uma curiosidade mórbida. A cada passo, o ar se tornava mais pesado, e a escuridão parecia ganhar vida.
Ele alcançou o final da caverna e encontrou um portal – um vórtice de luz cintilante, que pulsava como se estivesse vivo. Contra todos os instintos, Jonas atravessou o portal.
O que encontrou do outro lado não era uma simples extensão da caverna, mas um abismo além do tempo e espaço. Criaturas colossais, de formas que a mente humana não poderia suportar, flutuavam na imensidão.
Seus corpos indescritíveis se torciam e mudavam, cada um mais aterrorizante que o outro. O caos primordial que habitava aquele lugar ultrapassava a compreensão. Jonas sentiu sua sanidade se despedaçar.
Ele voltou à caverna, mas não como o homem que antes conheciam. Seus olhos estavam vazios, como se tivessem testemunhado algo que não deveria ser visto. Nenhuma palavra saiu de sua boca.
Apenas o silêncio de uma alma destruída, enquanto o sussurro que o chamou permanecia, aguardando… para chamar outro.
A cidade nunca mais foi a mesma depois daquela noite. E Jonas? Nunca mais voltou ao mar.
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