O Eco da Caverna

Na escuridão da Serra das Almas, havia uma caverna evitada por todos. Antigos moradores da região falavam de um eco incompreensível que vinha de suas profundezas, algo além do entendimento humano.

Joaquim, um geólogo curioso, desprezava essas superstições. Decidido a investigar a formação incomum da Pedra Cinza, organizou uma expedição solitária.

A entrada da caverna era imponente, um arco de rocha pálida, desprovida de musgo ou vida. O vento assobiava em um tom quase humano, mas Joaquim seguiu em frente, sua lanterna cortando a escuridão opressiva.

Conforme adentrava, o chão parecia mudar, tornando-se liso, como se algo ou alguém tivesse polido o interior por milênios.

Depois de horas de exploração, Joaquim chegou a uma câmara vasta, iluminada por uma luz pálida e impossível. No centro da sala, havia um monólito de pedra, coberto de símbolos intrincados que pulsavam como se fossem vivos.

Contra sua vontade, ele se aproximou e tocou a superfície fria. Imediatamente, um zumbido profundo reverberou pela caverna, e uma sensação de vertigem o envolveu.

Ele tentou recuar, mas seus pés não respondiam. A pedra brilhou com uma intensidade esmagadora, e então ele viu — não com seus olhos, mas com sua mente — um vasto abismo além da realidade.

Criaturas sem forma nadavam em escuridão líquida, seus olhos inexistentes fixos em sua alma. Eram seres antigos, que existiam antes do próprio tempo, esperando o momento certo para romper a barreira frágil da realidade.

Quando Joaquim despertou, estava fora da caverna, a luz do sol tocando sua pele. Mas algo dentro dele estava errado.

A caverna, agora silenciosa, nunca mais seria a mesma. Assim como ele. Algo o observava de dentro, e ele sabia que sua mente jamais conheceria paz novamente.

O eco permanecia.

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