O Portal de Córrego das Almas
A cidade de Córrego das Almas era um lugar de segredos antigos, de rumores murmurados pelas ruas vazias e de sombras que pareciam se mover por conta própria.
Gustavo, um geólogo de renome, foi chamado para investigar estranhos fenômenos em uma caverna recém-descoberta nos arredores.
A rocha ali parecia pulsar com um brilho sutil, como se algo vivo estivesse adormecido em suas profundezas.
Ao adentrar a caverna, Gustavo sentiu o ar ficar mais pesado, impregnado com uma umidade que parecia corroer seus pensamentos.
No fundo da caverna, encontrou uma câmara imensa, coberta de inscrições esculpidas em uma língua que jamais vira.
As formas das palavras não pertenciam à linguagem humana; eram curvas impossíveis e ângulos que feriam sua mente apenas ao observá-los.
No centro da sala, uma enorme rocha cristalina parecia flutuar levemente acima do solo, pulsando com uma luz gélida e indiferente.
Ao se aproximar, Gustavo sentiu uma força invisível penetrar sua mente, mostrando-lhe vislumbres de um cosmos incompreensível, repleto de entidades antigas e insondáveis.
Figuras colossais, feitas de pura escuridão e caos, rastejavam entre as estrelas, indiferentes à existência de qualquer forma de vida.
Ele viu civilizações inteiras destruídas por essas forças, planetas consumidos por trevas infinitas.
Ao olhar para o cristal, Gustavo entendeu que aquilo não era uma simples rocha: era uma âncora, um portal.
Gustavo tentou fugir, mas seu corpo não o obedecia.
Uma risada distante, profunda e alienígena, ecoou pela caverna, e ele soube, no fundo de sua alma, que havia despertado algo.
Algo que estava apenas esperando, há milênios, para cruzar o véu entre mundos.
Quando os moradores finalmente encontraram seu corpo, o olhar vazio e estático de Gustavo refletia uma verdade aterradora:
ele tinha visto o infinito e sido consumido por ele.
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