A Cripta do Vazio Eterno
Chovia incessantemente quando ele chegou ao vilarejo costeiro. A névoa, densa e sufocante, parecia se mover com uma vontade própria, engolindo as ruas desertas.
Sua missão, inicialmente simples, era investigar os rumores sobre uma antiga cripta descoberta nas falésias. Mas havia algo no ar, algo que fazia a pele se arrepiar e o coração acelerar.
A entrada da cripta, escavada na rocha, emanava um frio antinatural. Ao descer os degraus íngremes, sentiu uma presença, como se algo observasse das sombras.
O cheiro de maresia e putrefação se intensificava a cada passo. As paredes, cobertas de símbolos indecifráveis, pulsavam levemente, como se fossem vivas.
No centro da câmara, ele encontrou um altar. Sobre ele, uma pedra escura brilhava, absorvendo a luz da lanterna. Era algo além da compreensão — um fragmento de escuridão pura, uma entidade que não pertencia àquele mundo.
Quando seus dedos tocaram a superfície fria, a realidade se distorceu. Visões terríveis tomaram sua mente. Viu formas imensas, tentaculares, emergindo do abismo cósmico, devorando estrelas e mundos inteiros.
Suas vozes não eram sons, mas ecos que vibravam no fundo da alma, arrancando qualquer traço de sanidade. O tempo não era mais linear; ele vivia e morria ao mesmo tempo, perdido em ciclos infinitos de horror.
Quando conseguiu se libertar da pedra, o vilarejo havia desaparecido. No horizonte, a lua brilhava, mas não era mais a lua que ele conhecia.
Algo maior e mais antigo havia despertado, e ele compreendeu, com um desespero esmagador, que não havia escapatória.
A humanidade era apenas um fragmento ínfimo no jogo de entidades insondáveis, condenada a ser esquecida nas teias do universo.
Ele riu, pois agora sabia a verdade: o vazio era eterno, e eles sempre estiveram observando.
Publicar comentário